terça-feira, 22 de agosto de 2017

E funciona? A Lenda do Tesouro Perdido: A exaltação da História Americana


Ficha técnica completa:
Nome original: National Teasure
Dirigido por: Jon Turteltaub
ano de produção: 2004
Classificação: livre


Coloquei aqui a ficha para saberem que estou falando do primeiro filme, e a partir de agora vou colaborar assim. Este filme conta a história de um tesouro maçônico escondido pelos pais da nação americana. Para quem gosta de aventura e ação é um prato cheio: muita correria, perseguição, tiroteio, explosões, um plano de roubo épico e etc. Mas qual a diferença entre este filme e os outros? Simples, este filme é a exaltação da história americana. Ele não faz propaganda enganosa: O nome do filme é Tesouro Nacional (faz sentido para eles), é o típico filme "celebramos a nossa história" (a deles, não a nossa) com uma abordagem diferenciada, diferente por exemplo do Patriota que é uma exaltação aberta a toda a luta pela independência.

A Lenda do Tesouro Perdido coloca a independência como pano de fundo para o desenrolar da história, mas o tempo todo somos bombardeados com informações sobre a independência. Quer exemplos?

A Declaração de Independência:


 O Filme todo somos recordados pelos diálogos do quanto este documento é importante e icônico, fora ser o mais antigo dos Estados Unidos da América. Toda a trama é basicamente nos lembrar do valor da Declaração no sentido histórico e nacional: mesmo que ele esconda o mapa para o tesouro escondido. O filme vemos muito claramente a proteção, a reverencia e um "certo cuidado" com o documento (apesar de enrolarem e desenrolarem, molharem com limão e guardarem em um canudo o documento que tem mais de 200 anos... mas tudo bem, é um filme). E as frases do tipo
"é um documento muito, muito, muito antigo e importante"
"Não dá para roubar a Declaração, ela é super protegida. Simplesmente não dá"
"Alguém deve ser preso por isso (roubar a Declaração de Independência)"
A perseguição toda acontece pelo roubo da Declaração, pois ninguém procuraria um mapa nela. Fora os furos de roteiro a premissa é bem bacana e todos os espectadores entendem que não se pode roubar uma parte da história dos Estados Unidos e sair impune: o FBI inteiro concentrou seus esforços para resgatar a Declaração.

Afinal de contas: O que foi a Declaração de Independência?
Foi o documento em que os rebeldes colonos declararam suas intenções com as batalhas que culminaram na Independência, ali estão a base da legislação que hoje vigora nos Estados Unidos . A assinatura da Declaração de Independência é um dos marcos históricos da História dos Estados Unidos. Enquanto rebeldes e traidores, ela foi um símbolo de alta traição de um lado e de outra luta pela independência que poderiam custar a vida de quem assinou, os mártires de uma causa. Enquanto independentes e líderes de uma nova nação é o símbolo de liberdade e ousadia dos pais fundadores (assim ficaram conhecidos os que assinaram a Declaração). É bonito pensar nisso, mas ao mesmo tempo a inspiração não foi tão revolucionária, e indica, para nós, sinais de permanência: o iluminista usado para apoiar a nova nação era o inglês John Locke. Basicamente é uma carta assinada pelos nomes de maior força em cada colônia que trata da defesa a propriedade privada e é contra governos controladores. Julgo importante trabalhar os preceitos em sala e a comparação com as ideias iluministas de Locke, vale o empenho.

Os pais fundadores:
“ Se a Revolução não desse certo, os pais fundadores seriam traidores mortos e esquecidos”. Importante mostrar que o filme também dá importância para alguns nomes, especialmente de Thomas Jefferson, Benjamin Franklin - explora bastante a genialidade que lhe é atribuída (pelos americanos em sua cultura). Seguido de George Washington e Charles Carroll. O filme reforça a ideia de quão importante é a ousadia destes homens, tanto em lutar contra a Inglaterra quanto em esconder o tesouro maçônico para protege-lo.

Quem são todos?

John Adams, Samuel Adams, Josiah Bartlett, Carter Braxton, Charles Carroll, Samuel Chase, Abraham Clark, George Clymer, William Ellery, William Floyd, Benjamin Franklin, Elbridge Gerry, Button Gwinnett, Lyman Hall, John Hancock, Benjamin Harrison, John Hart, Joseph Hewes, Thomas Heyward Jr., William Hooper, Stephen Hopkins, Francis Hopkinson, Samuel Huntington, Thomas Jefferson, Francis Lightfoot Lee, Richard Henry Lee, Francis Lewis, Philip Livingston, Thomas Lynch, Jr., Thomas McKean, Arthur Middleton, Lewis Morris, Robert Morris, John Morton, Thomas Nelson Jr., William Paca, Robert Treat Paine, John Penn, George Read, Caesar Rodney, George Ross, Benjamin Rush, Edward Rutledge, Roger Sherman, James Smith, Richard Stockton, Thomas Stone, George Taylor, Matthew Thornton, George Walton, William Whipple, William Williams, James Wilson, John Witherspoon, Oliver Wolcott, George Wythe, Charles Thomson.
Mais pessoas que assinaram como delegados.

Outras referências :
O filme faz menção a diversos episódios e elementos da Independência: as batalhas em Boston, Valley Fort uma batalha decisiva para a vitória americana, a importância de New York. Tudo é uma lembrança e uma celebração.
Hall da Independência e o sino da liberdade também aparecem como cenário do recolhimento de pistas.
Os maçons:
Não é segredo que os maçons estão envolvidos nos maiores governos pelo mundo. Este filme deixa bem claro este fato para nós de um modo quase histórico. Quase Histórico?  Sim, podemos afirmar? Infelizmente são só especulações que o filme aproveita para nos lembrar.

Como usar em sala de aula...
Para nós, brasileiros o filme é mais de ação e aventura do que uma forma de resgatar a memória histórica. A ideia é fazer uma atividade com os alunos para que anotem cada referência sobre a independência que o filme faz e que pesquisem sobre a declaração, e os pais fundadores, sobre o dinheiro como símbolo e os símbolos maçônicos mostrados. Faça a eles três perguntas para serem respondidas:

1.  Qual a importância da Declaração de acordo com o discurso do filme?
2.  Por que os americanos colocaram os pais fundadores como símbolo do dinheiro?
3.  Porque se os Estado Unidos tivesse perdido a Guerra de independência os que assinaram a declaração seriam mortos? Explique. 

Depois de encerrada da atividade pode iniciar as aulas sobre independência!
E ai, gostou? Deixe seu comentário e siga as redes sociais.






sexta-feira, 23 de junho de 2017

Arquivo Extra: A Primeira Guerra de Mulher Maravilha (pode conter spoilers)



"A guerra para acabar com as guerras" esta foi a frase de Steve Trevor para Diana ao tentar localizar Diana na terra do patriarcado e é assim que eu inicio e digo bem vindo para vocês amigos. Tinham duvidas que eu iria falar da Mulher Maravilha? Como não falar, né? Todo mundo sabe que ela foi criada por Marston para ser um simbolo de amor e verdade nos anos 40, um momento que o mundo via o horror da Segunda Guerra Mundial e a proposta foi ser uma mensagem de esperança e bem ousada, eu diria. A base da personagem foi ser o oposto da guerra e 76 anos depois a Mulher Maravilha enche a tela do cinema pulando com seu escudo de janelas na Primeira Guerra Mundial! Não, pera... Primeira Guerra? Isso mesmo Primeira Guerra!

Neste momento eu vibrei!O deslocamento temporal do Filme me fez saltar de alegria, mas para muitos acredito que foi um: "Hum, que legal". É engraçado que todo mundo acha um máximo a Segunda Guerra Mundial e "sabe quase tudo" sobre ela (a primeira pergunta todo ano é: Profe quando vamos aprender sobre a guerra mundial? e não estão falando da primeira eu tenho certeza). Tudo que falam é sobre as armas, os campos de concentração, a guerra relâmpago, o nazismo, Hitler. Mas poucas pessoas lembram das aulas de Primeira Guerra Mundial, ou nem sequer sabem quem lutou nela. Eu acredito que a ausência de uma boa filmografia (não no sentido de qualidade, mas de quantidade) seja a causa do esquecimento. Podemos contar nos dedos os filmes que trazem um bom conteúdo sobre ela: os excelentes Sem Novidade no Front e Johnny vai a guerra (baseados em livros e roteirizados pelos próprios autores), Glória feita de Sangue, o regular Adeus às armas (também baseado no livro do autor Hemingway) e os mais recentes Flyboys, Barão Vermelho, Feliz Natal, Cavalo de Guerra e a ótima série Passing Bells (disponível na Netflix) e alguns outros. Já se pegarmos a listinha da Segunda Guerra (vai longe) não tem nem comparação as algumas linhas que coloquei aqui.

As pessoas não conhecem bem a Primeira Guerra e ela é subestimada. Na verdade a Grande Guerra (como deveria ser chamada, pois era assim que foi conhecida) é na verdade muito mais impactante que a Segunda Guerra. E você me pergunta: Como assim? Você não pode dizer isso! Quero que antes de me julgar pense nas seguintes sentenças:
1) Guerra tecnológica e luta pelo progresso
2) Idealismo quase religioso
3) Guerra limpa
4) Guerra defensiva
5) Máquinas contra Máquinas
6) Aventura

Pronto: você tem todas as informações para entender a Grande Guerra, ou pelo menos o que levou os homens até ela. Para eles era o fim da Guerra entre homens e agora era armas contra armas. A tecnologia tinha crescido tanto que a guerra serviu de teste para novas máquinas: avião foi inaugurado com uma máquina de guerra, sem falar em tanques, armas automáticas, metralhadoras com sistema de refrigeração, os já conhecidos canhões, rifles e as baionetas, granadas de implosão e explosão, minas, lança chamas, gases. A guerra era cada vez mais mecânica e cientifica.: era o resultado do progresso. Inocentemente contagiados pelo ritmo acelerado da tecnologia e do avanço da ciência, os jovens se dispuseram a pegar em armas e lutar entre si, como uma extensão do armamento criado, a possibilidade de se aventurar uma vez mais antes da vida real acontecer, uma vida pré determinada e confortável da burguesia. O motivo? disputas comerciais e uma sede de testar seu poder bélico.

Clima perfeito para introduzir nossa personagem: Diana uma guerreira que nunca guerreou e que acredita na existência do bem e do mal em formas que são distintas e que não coabitam. O que nos leva a pensar:

1) A Mulher maravilha combina com o clima da Primeira Guerra Mundial?

Uma das primeiras preocupações é que um deslocamento temporal é prejudicial para as origens. A criação tem muito sobre o seu tempo, e se faz com um propósito. Durante a segunda guerra ela era o amor que faltava. Pensa comigo: Campos de concentração, extermino, destruição, ideias de raça pura. Faltava amor pelo outro: só havia violência e ódio.

Mas e na Primeira Guerra?

Bom, como é um filme de origem a Diana que escolheram é pura inocência e idealismo. Estas são as palavras chaves para entender as motivações da personagem: a Diana acreditava que o mal que estava no mundo poderia ser derrotado. Ele era personificado e não era uma motivação de todas as pessoas. Elas era uma guerreira nunca tinha guerreado e que acreditava existência encarnada do BEM e do MAL, e o MAL era Ares e seus agentes e a guerra seria finda quando eles fossem derrotados e aos poucos ela percebe que sua luta era motivada por uma fé cega em lado do BEM e lado do MAL, dois eram sim lados lutando por seus ideias e que eles eram o motor para o MAL, pelo menos até que um vença. Um lugar que as armas não substituíram as pessoas, elas continuam morrendo, sendo mutiladas, passam fome... Vocês perceberam o quanto o soldados lutaram contra as máquinas ou inovações tecnológicas? Os soldados opostos tinham sempre algo que os marcavam como mecanizados. O inimigo ali nunca foi o alemão ou o turco e sim as armas e a ciência?

Aos poucos Diana enxerga que o mal n]ao era exatamente o que ela imaginava e sim a motivação para os próprios interesses: os alemães não queriam mais lutar e os ingleses também não. A guerra já parecia não levar para lugar nenhum.

O Grande Plano nunca foi os movimentos humanos que deveriam ser impedidos e sim uma arma de toxinas manipuladas pela ciência.

A luta da Mulher Maravilha deixou de ser contra o mal encarnado para ser pela esperança que ainda existia da redenção que é motivada pelo amor. Sim, a Mulher Maravilha funcionou muito bem na Primeira Guerra: uma guerra que inicia pelo idealismo e termina quando ee acaba e só sobra a esperança de tudo melhorar, reconstruir e voltar a viver.

2) O filme retratou bem a guerra?
Aqui é a parte que eu posso ser um pouco chata... mas calma, vou apontar falhas? sim, é claro... Mas vou falar de acertos (pois ele acertou muito em cheio em alguns aspectos)

A) Faltou destruição:
Este filme tomou muito cuidado ao tratar de destruição, o que foi compreensível na minha opinião, mas que infelizmente a tornou um pouco imprecisa. Não que isso seja um furo gigantesco ou atrapalhe a experiência do filme... muito pelo contrário. Eu só me preocupo como isso pode atrapalhar um pouco na compreensão da guerra em si. Uma coisa importante para enfatizar é: A Guerra destruiu quase tudo ao entorno das trincheiras e isso fez com que a Europa tivesse que começar quase do zero a se reconstruir (o que levou a organização da Luga das Nações e a vários acordos no Tratado de Versalhes - inclusive com incentivo fiscal dos EUA que futuramente causaria o colapso da Bolsa de Valores americana e a Crise de 29) especialmente na Bélgica (onde há indícios que as cenas da guerra se passaram no segundo ato do filme) e França. O vilarejo que os acolhe deveria estar bem mais destruído pelos impactos dos canhões. (ouça o podcast do Bolsa Nerd em que discutimos isso indicado no final deste artigo)

B) Faltou um pouco de estudo sobre os armamentos da Grande Guerra:
Logo na invasão da Ilha, vemos os soldados surgindo na praia com rifles em mãos e sem BAIONETAS! Meu primeiro pensamento foi: "Como assim? Sem baionetas? "  Faltou sim um pouco de estudo sobre as armas da guerra.







Acredito que isso de deve também a confusão entre a Primeira e Segunda guerra. Muitas armas permaneceram e tenham quase as mesmas características. Os rifles ficaram apenas mais sofisticados e semi-automáticos na segunda guerra. As armas retratadas são mais próximas a concepção da segunda guerra: aconteceu com a explosão das granadas, a falta de bombardeios mas intensos antes ataques (uso de canhões), ausência da cavalaria e nas trincheiras ausência de elementos como armes farpados e metralhadoras com refrigeração a água. O tanque também deveria ter uma outra configuração, já que o retratado é da Segunda Guerra. Houve confusão!



C) VESTIMENTAS: calma, nem tudo é reclamação, tá? Quero muito que este filme leve o oscar de melhor figurino! Sério! Foi Excelente. Se preocupou com cada uniforme, colocar referencias da série sem ferir a estética de costura da Belle Époque, achei sensacional. Sem mais... mandemos o próximo

D) LOCALIDADES: Aqui o meus parabéns. Foi muito bem alocada as batalhas. A trincheira, a terra de ninguém foi bem retratada. Temos os turcos aparecendo no primeiro ato, o que me deixou bastante surpresa ( tirando o chapéu aqui para eles), temos a Bélgica aparecendo, que é na minha opinião um dos piores lugares para se estar.Enfim... Palmas!

E) APRESENTAÇÃO DA GUERRA NOS DIÁLOGOS: Aqui está outra excelência. Sem piadas piegas, tudo foi fluido e bem explicado sem precisar de discursos gigantescos, apenas com frases de impacto que são muito mais eficientes que qualquer monologo que fosse colocado. Fora cenas que apresentam o cenário da guerra para você.

as críticas que tenho são coisas que não tiram a experiência da guerra, ou seja, foi uma representação muito boa, porém não perfeita... mas quem liga, não é mesmo? 

3) Discursos:

Li um texto estes dias falando sobre o que o filme perdeu foi uma boa oportunidade para falar do movimento sufragista que começou um pouco antes da guerra, no final do século XIX. Eu devo discordar da opinião do meu caro colega historiador, pois não vejo uma oportunidade perdida e sim um entendimento do seu público por parte dos produtores. Falar do movimento sufragista seria um pouco demais quando uma sessão de cinema ofertada somente para mulheres foi friamente criticada. 

O discurso feminista foi tão fluido e significativo que não precisou ser marcado e insistente, foi leve e delicado. Está muito mais reflexivo do que declarado: quando a inteligência da Diana é subestimada, quando ela questiona os valores sociais presentes, quando invade uma reunião política e não entende porque uma mulher não pode participar, quando luta na trincheira. Não h´´a menina que não se sinta inspirada pelas cenas! Contagiada pela força da Diana! Eu não senti falta do movimento sufragista, e você? Fora o discurso sobre as minorias, sabe o quanto me fez pensar? Pois é 

Só tenho algo a dizer: Mulher Maravilha você merece sucesso

http://www.terrazero.com.br/2017/06/bolsa-nerd-05-mulher-maravilha-sem-spoilers/


domingo, 7 de maio de 2017

Arquivo extra: 13 porquês para assistir 13 reasons why (como professor) [contém spoilers]

Bom, primeiro e antes de tudo devo dizer que não estou aqui dizendo que amei a série. Achei ela um pouco lenta e não consegui assistir uma segunda vez o meio dela. Funcionou melhor quando assisti a primeira vez ( fui rever com minha cunhada que estava assistindo). A série não vai ser um clássico e a linguagem dela não é voltada para todos os públicos. Eu como espectadora achei legal até, mas não é uma série que vou acompanhar se houver uma segunda temporada (quando anunciaram eu realmente não me empolguei), não sofri com o termino dela (eu devo aqui dizer isso: adeus Bones, sentirei saudades).



Para dizer a verdade não sofri com a Hannah (tirando o estupro, é claro) e sofri sim com o pobre do Clay que esperou um bom tanto para saber porque recebeu as ditas das fitas (e eu senti muita raiva porque me foi previsível, mas as pressões alheias me fizeram duvidar do meu julgamento, valeu aí amiga!*) e o personagem que me deixou realmente com pena foi a do Justin (se assistir sofra comigo por ele). 13 reasons why é uma série adolescentes e não espere mais do que isso. Mas...
Ela é importante!
Aí você me pergunta: mas você acabou de dizer que não gostou tanto assim, por  que tá me dizendo que ela é importante?


Vou tentar aqui fazer como a série fez
13 razões para professores assistirem 13 reasons why:

1) Hannah Baker pode ser sua aluna: por mais banais que sejam as razões de Hannah e por mais que ache que ela estava errada ao se matar (tirando a parte do estupro) os problemas dela eram reais para ela, assim como os problemas dos adolescentes para nós são banais e reais para eles. Hannah é uma adolescente com problemas de auto estima, poucos amigos e recém chegada na escola. A menina nem tinha chegando e já acabou difamada pelos colegas. Dar atenção a alunos recém chegados em fase de adaptação é uma tarefa nossa, e sim eles precisam de nossa ajuda. Eles sofrerem com a adaptação, existe resistência a eles e dependendo da postura que tomam podem acabar provocando brigas, sendo difamados por colegas mais populares. Eles merecem nossa atenção.

2) A série nos mostra que o problema pode começar nas redes sociais dos alunos: uma das primeiras formas de difamação que Hannah foi vítima foi as redes sociais. Uma foto indecente circulou entre os alunos e foi um passo para começar os problemas da menina.  Muitas vezes eu me vi pensando se deveria mesmo adicionar meus alunos em minhas redes sociais, vamos combinar que eles abusam deste contato e às vezes são bem inconvenientes, mas é bom dar uma colher de chá e deixar eles participarem na sua rede social. Não estou dizendo para vigiar eles, pois este nem é nosso serviço. Mas eles se expressam muito por ela e muita coisa pode ser evitada. Se você por acaso ver algo estranho em publicações pode contar com ele, pode evitar o cyberbullying de acontecer e criar melhor os laços de companheirismo com seus alunos (estreitar laços é sempre bom). Fique atento ao seus alunos quando puder.

3) Tudo começou com uma lista que circulou na escola: se não quer acompanhar as redes sociais, tudo bem, mas isso eu achei um absurdo. Como nenhum professor não se atentou para esta lista! Aí você vai dizer que foi feita entre​ os alunos e ninguém ficou sabendo. Eu digo que devido a minha experiência uma coisa assim não é tão fácil de esconder. Todos os alunos sabiam, tomavam atitudes idiotas dentro da escola com as meninas e a lista passou pela sala de aula. Qualquer professor que se importa realmente com seus alunos não deixaria de perceber comportamentos estranhos e não deixaria as meninas serem assediadas. Não sejamos insensíveis, nosso trabalho é por um futuro melhor, especialmente um futuro onde a mulher não é um objeto ou um pedaço de carne.

4) Hannah tinha fama, por isso ninguém se importou em mudar de ideia: nenhuma mulher deve ser tratada como objeto, nem mesmo a que se porta de uma forma a reforçar esta ideia. Hannah nem mesmo deu motivo para ter a fama que teve, ela fez o que qualquer garota na idade dela já fez um dia: desejou um garoto, ficou com ele e infelizmente ele não foi legal com ela e se gabou para os demais. Mesmo que Hannah tivesse uma vida sexual ativa (que aparentemente não era o caso) não nos dá no direito de tratar ela de uma forma baixa como foi tratada. E ninguém alertou como uma mulher deve ser tratada, ou mesmo impediu que os meninos a tocassem ou mesmo impedissem o assédio. Deve partir de nós professores esta orientação, não tem haver com ser feminista ou qualquer coisa do tipo... Tem haver com respeito, adolescentes normalmente não tem noção das consequências dos seus atos. Nós devemos orientar e impedir muitas vezes.


5) a série trabalhou com perseguição: uma das razões mostrou que um dos jovens era stalker (perseguidor) e isso é um distúrbio de personalidade que precisa ser identificado e tratado. É importante perceber se o isolamento de certos alunos não pode ser problema como este. É bom estar atento aos sinais.  Inclusive este personagem foi um dos que mais me assustou a atitude, ele vai só era isolado socialmente, ele tinha parecia realmente perturbado em muitas partes da série.

6) ser popular na escola não significa que está tudo bem com o adolescente: muitas vezes julgamos que populares são os mais bem resolvidos. E não é bem assim, a série mostra bem isso. Um dos personagens era um atleta promissor e bem afeiçoado que todos gostavam. O cara que sempre andava em grupo na verdade era solitário, triste e sobrecarregado com a pressão de ser legal o tempo todo e superar as expectativas da sua mãe. Ele era na minha opinião um aluno depressivo que também precisava de ajuda e ele deu sinais disso em alguns momentos.

7) ser popular na escola não significa que está tudo bem (parte 2): este é bem mais complicado. Uma atitude rebelde é um pedido de socorro muitas vezes. Justin tinha um baita problema familiar que ninguém pareceu dar atenção ( eu tentei não dar spoiler, mas com esta história fica difícil) sem atenção devida em casa ou na escola este aluno simplesmente procurou sustento para a sua miséria em seus amigos e todos nós sabemos que o exemplo deve vir de dentro de casa, se isso não acontece pelo menos deveria da escola. Justin não tinha padrão de conduta em casa e muito menos na escola, ele é o famoso aluno problema.


8) não adianta fazer campanha quando uma tragédia já aconteceu: um dos reis da escola neste caso foi deixar para discutir o tema depressão e suicídio quando a morte já havia acontecido. Eu como professora gasto um tempo para dar atenção aos meus alunos. Eles precisam muitas vezes de alguém para conversar sobre isso. Campanhas anti bullying, setembro amarelo são coisas que devem acontecer nas escolas.

9) Hannah deu indício que estava depressiva: qualquer recado, qualquer comportamento fora do comum deve nos deixar atentos. Não custa um sorriso ou uma pergunta sincera de: "tá tudo bem?" Vai ajudar um aluno a se abrir. Hannah​ deixou um bilhete em uma aula, um poema no jornal da escola e andava solitária pela escola. Conheça um pouco seu aluno, não te custa muito!

10) não é só suicídio o problema nas escolas: uma das alunas escondia sua sexualidade, outra aluna cometia mutilação, um aluno estava sempre doente quando na verdade não era bem uma doença que ele tinha, vários sofriam de depressão, alunos eram abusados em casa, um aluno foi praticamente abandonado pela família, havia abuso de drogas e bebidas. Preconceito, sexismo, jogo de influência, favoritismo... Tudo deve ser trabalhado para não acontecer em uma escola.

11) A presença dos pais na escola: é notável a ausência de um dialogo entre a escola e os pais. Hannah enfrentava seus problemas em grande parte calada dos pais e dentro da escola. A mãe do Clay não fazia ideia de como o filho estava indo na escola. Ambos os pais aparentemente eram presentes na vida dos filhos em casa. Mostra a importância de se levar os problemas dos alunos a conhecimento dos pais. Talvez assim o destino de Hannah seria diferente. Claro que os pais deveriam prestar mais atenção a sua filha, mas a série mostra que os pais não se atentaram pois estavam com preocupados com seus próprios problemas. Acho que a escola deve fazer a sua parte e tentar informar os pais.


12) denuncia o sexismo: eu tinha que mencionar isso. Bryce não viu problemas em tocar em Hannah, afinal ela não disse não para ele. Uma coisa que todos os homens devem entender é que : só é sim quando a menina diz que sim. Se ela diz não ou mesmo não diz nada o homem não deve relar a mão nela. Isso é sério e bem triste na nossa sociedade de hoje. Bryce foi criado em uma cultura permissiva, onde teve tudo que queria. A ausência dos pais e o favoritismo na escola não ensinaram nada a ele, só que ele podia ter tudo que queria... Será que não estamos cultivando ou reforçando isso?

13) Hannah procurou um professor, mas não julgou seu problema importante: o último porquê era um professor. E isso, para mim, é o mais triste da série. O professor tomou o caminho mais fácil em fazer seus pré julgamentos, e não se atentou a ouvir de verdade os problemas dela. Ao pensar sobre o trabalho que eu tenho, eu cheguei a conclusão que não sou só uma fonte que transmite conhecimentos, eu sou também para a vida deles um modelo dos muitos que eles terão. Eu posso ser aquela que uma Hannah pode pedir ajuda quando não tem mais para onde correr, já ela mesmo não sabe o que fazer ou em quem se amparar. Devemos ser sensíveis para ouvir antes de julgar compreender e amparar, pensar antes de falar, refletir sobre os problemas alheios antes de entregar uma solução ou fazer uma colocação. É uma linha fina que pode salvar uma vida. 

A série faz você refletir sobre como faria diferente, no que devemos mudar como pessoas que são responsáveis por dezenas de Hannahs, Jutins, Bryces... Será que temos sido sensíveis? A série tem um apelo grandíssimo com nossos adolescentes que se identificam com seus personagens, a questão é: vamos nos identificar também? 

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*é você sim Tammy!



domingo, 30 de abril de 2017

Localizando o filme: Noiva Cadáver

Precisava dedicar um post ao Noiva Cadáver. Eu não necessariamente o uso em sala de aula, mas eu com frequência cito como um recurso extra. A menção deste título pode parecer surpresa para você, mas ele é um dos filmes que por trás de sua excentricidade pode se tornar um recurso para ilustrar, ou até mesmo se discutir em sala de aula.

Localizando historicamente:

Para localizar historicamente, mesmo sem ler a sinopse da animação, você precisa prestar atenção a alguns elementos visuais e da narrativa. O principal elemento visual, na minha opinião, que nos ajuda na localização é o figurino:
 

 
A moda é um reflexo da sua época e nos dá uma noção inclusive geográfica, is a vestimenta é parte também de uma cultura. Observando os vestidos de espartilhos e os ternos fraques e cartolas podemos localizar a animação no século XIX, também conhecido como Belle Époque.




Muito além do visual (voltaremos a ele mais tarde), com toda certeza a narrativa nos força muito mais a pensar no período que o filme está inserido: os filme fala da aristocracia falida procura casar sua filha (a jovem reclusa Victória) de um modo que possa suprir a ausência de riquezas e ao mesmo tempo temos um rapaz (o amedrontado pianista Victor) de pais comerciantes (Vendedores de peixe) com um candidato ao casamento arranjado. 


Por outro lado, a rebelde Noiva Cadáver tomou a decisão de casar por amor. Fugiu com jóias da família e foi aos braços do amado. 


A ascensão da classe burguesa é evidente neste contexto, o filme mostra qe a procura por títulos nobres através de casamentos arranjados entre a nobreza falida era vantajoso para os pais tanto nobres por causa do dote oferecido pelos pais do noivo quanto para os burgueses que poderiam entrar para o circulo social nobre. No período iluminista a forma de ascendi socialmente era a compra de títulos de nobreza pelo casamento, perfeitamente ilustrado no filme. O casamento era uma conveniência.

Filme localizado: período da Ascensão Burguesa, no século XIX. Período Iluminista e Belle Époque.

Breve discussões sobre o filme! Aguardem!
  

terça-feira, 14 de março de 2017

E funciona: Hércules

Não, provavelmente não é o Hércules que você está pensando...

A minha primeira sugestão para vocês foi o uso de quadrinhos, agora chegou a hora de falar de filmes. Filmes temáticos em história são fáceis de encontrar, mas precisamos como professores estimular mais esta galerinha. Não adianta passar um filme só por passar e os alunos devem entender que não é apenas diversão.

O que vou trazer aqui para vocês tem uma justificativa:
1º todos os alunos se interessam por mitologia grega
2º eles acham que sabem tudo de mitologia grega
3º se mandar pesquisar eles não vão achar ruim

Pronto, dadas as devidas justificativas vamos ao que funciona:
Hércules da Disney



Sim, meus caros, este é um filme que retrata a Grécia do jeito Disney de sere a gente sabe que não tem nada haver com o verdadeiro Hércules, certo? Bom, a Disney mudou todos os contos de fada, porque não faria isso com uma das mais clássicas histórias de mitologia não é mesmo? Apesar disso, ele é divertidíssimo e estimula nosso aluno a pensar sobre a Grécia, mas não termina por aí...

Assista e se divirta com eles primeiro - na terceira vez meio que enche saco, eu sei... mas eles se divertem então está valendo. Mas não perca o foco, ainda tem muito trabalho para fazer (rende pelo menos 3 aulas) 

RELATÓRIO DO FILME

É super importante que eles façam o relatório. Isso previne que os alunos tenham a desculpa de dizer que não viram o filme, ou não lembram o que aconteceu. Peça para manterem sempre por perto. Você irá usar o conhecimento que eles tem do filme.


A MITOLOGIA ORIGINAL

Não dá para prosseguir com a atividade sem os alunos conhecerem a história original. Normalmente eu aplico esta atividade como um trabalho bimestral. Sinopse do filme e a mitologia original de Hércules. Os alunos logo vão perceber que a história não traz os trabalhos de Hércules e vão querer questionar a razão disso.

NOSSO TRABALHO, FINALMENTE

O desenho Hércules mostra muito brevemente os 12 trabalhos de Hércules, ele é focado na mitologia em que Hércules ajuda a derrotar os Titãs. Fora que utiliza outros mitos apoiar sua história. Ele cita a Ilíada, a história de Teseu, Os Jasão e os Argonautas e especialmente a história de Perseu (por conta do Pégasus - modifica sua origem também). Conte as histórias que apareceram para os alunos, ou faça como eu, aproveite o bimestre (e eu sugiro antes) para que os alunos pesquisem uma mitologia e contem para os colegas em sala (eles se divertem - não precisa fazer eles irem a frente, podem contar do lugar deles mesmo). Explique que ali foi usado muitas mitologias...



CONCLUSÃO DO TRABALHO

Lance a pergunta: Pessoal, por que será que a Disney mudou a História de Hércules?
Deixe seus alunos pensarem sobre o assunto... deixe eles terem sua própria ideia e chegarem a suas próprias conclusões. Afinal existem diversas explicações, mas a mais importante é que a Disney mostrou um pouco da Grécia e da mitologia grega para as crianças conhecerem. Vamos aproveitar.



A proposta é meio aberta, eu sei. A ideia aqui é colocar os alunos para pensarem no conteúdo.

O que achou desta ideia? Deixe seu comentário... Ele é bem importante ;) 


sábado, 25 de fevereiro de 2017

Entre parênteses: como parei no Bolsa Nerd

Como este é um blog que quero muito que seja descontraído, acho que preciso de um espaço para ser mais do que uma profe ou uma geek, mas uma pessoa acessível é que vocês me conheçam. No entre parênteses eu gostaria de colocar um pouco da minha história.

Eu gostaria de falar sobre como acabei no Bolsa Nerd, sou atualmente uma das hosts e vamos entrar na segunda edição.

Bom, é interessante tentar coisas novas e mais ainda é bom assumir os seu gostos excêntricos e descobrir que eles não são nem um pouco estranhos, e sua cabeça mudar totalmente com relação a eles.
Uma coisa é ter seus gostos, outra é assumir e vestir literalmente a camisa, mudar de postura. Na minha cabeça, meu gosto por super heróis e quadrinhos era apenas para estar na minha casa, nos momentos que me eram para descontração e deveria ser apenas meu hobby.
Coisas que devem saber sobre mim: entrei para a faculdade com apenas 18 aninhos e era a mais nova da turma. Eu tinha que me provar como inteligente e madura... Estar a altura do desafio, ser séria, centrada ( o que nunca fui), politizada, feminista, militante (eu já era engajada em movimento estudantil). Uma parte de mim quis dar fim a meu gosto por quadrinhos e heróis (uma propaganda imperialista e não mais americana e sim estado unidense). Tudo isso não era exatamente eu de verdade, mais uma face de que eu criei para ser intelectual, ou melhor pseudo intelectual e hipócrita dá minha parte.
Eu me já estava quase me engajando em políticas quando vieram as Novas linguagens me libertar, e descobri que tudo poderia ser formas de fazer história (ainda bem porque olhando para trás eu me vejo como uma chata - eu tenho pavor a gente chata). Foi a literatura ficcional que me libertou, pois eu sempre quis ser a diferentona, a descolada. Escrevi sobre a Primeira Guerra e o trauma que os soldados sofreram que ficou refletido na literatura. Não havia outra monografia na faculdade sobre isso... Mas ainda não assumi meu gosto por quadrinhos neste momento, eu era mais descolada, mas não menos chata. Eu me formei.
E veio a profissão: a mais nova das professoras, a carinha de menina é mais uma vez o desafio (interno sempre) de me provar competente e séria. Grande bobagem, tá gente! Se está com esta paranóia que eu tinha pare agora! O que te dá competência é a sua aula e não as roupas que usa.
Muito recentemente joguei tudo para o alto, quando tudo estava consolidado na minha vida e eu caí na real, eu sentia falta dos meus quadrinhos, dos meus gostos excêntricos que estavam em muito abandonados. Aí veio minha primeira camiseta de super herói: eu não resisti e comprei uma camiseta do Superman na sessão infantil... Timidamente eu usei em sala, de uma forma mais adulta possível, muitos acessórios e uma sapatilha mais séria. Pronto, eu estava resgatada e não tirou em nenhum momento minha autoridade e sim o respeito de meus alunos e admiração.
Para os meus superiores, o estranhamento no começo e depois mais uma vez admiração. Eu me tornei mais estilosa e os comentários agora estavam em todos os corredores: nossa, como a professora é estilosa, né? (Alunas) Tamiris as alunas não param de falar sobre suas roupas, você é um modelo! (Pedagogas) Eu me aprimorei, minhas roupas se adequaram a minha idade de uma forma geek, minhas estantes foram aumentando com volumes de quadrinhos e minhas aulas passaram a ter mais e mais referências, minhas redes sociais com mais e mais referências nerds.
E... Uma amiga de anos Débora (sua linda) me adiciona em todos os grupos nerds pelo Facebook a fora... Nossas conversas recheadas de nerdices até finalmente a proposta vir: quer participar comigo de um novo projeto? Desconfiada eu disse tudo bem, e hoje é uma parte da minha vida.
Entre parênteses minha vida era chata, sem graça, séria e com a voz reprimida. Hoje é colorida, estilosa, nerd e minha voz está aí para o mundo ouvir!
Escutem o Bolsa Nerd, e ousem como eu! Tentem coisas novas!
Um beijo para todos

domingo, 19 de fevereiro de 2017

E funciona... : O caso Kamala Khan e o Islã

Antes de tudo devo explicar o que "E funciona..." significa para este blog. Como eu me propus desde o começo foi, além de minha inquietude natural para me expressar aqui na rede, que eu estaria disposta a mostrar coisas que funcionaram em minhas aulas... Inserir Cultura Pop é um desafio bem grande, mas pode e deve ser usada. Espero que sirva de ajuda para alguém;

O Caso Kamala Khan:


Posso dizer que Kamala foi uma aposta da Marvel que pode se considerar arriscada ( e que bom que deu certo). A mais jovem Miss Marvel, substituindo Carol Danvers que agora usa o manto de Capitã Marvel, é bem polêmica no seu conceito: não por ser inumana, não pelos seus poderes de regeneração e elasticidade, por ser a protegida de um cão gigante (também inumado ) chamado Dentinho ou mesmo por ser uma fã de super heróis que acabou virando uma deles. Não, Kamala levanta polêmica por ser uma garota americana-paquistanesa e muçulmana. Sim, ela é muçulmana! Isso foi extremamente ousado em uma época em que os Estados Unidos é anti-islâmico e engajado na luta contra os defensores de Maomé. Mas Kamala Khan está aí graças a iniciativa de uma de suas criadoras Sana Amanat que levou este projeto adiante mesmo em um mundo aonde a intolerância às vezes habita.

Mas não estou aqui para somente elogiar ousadias, estou aqui para usar como um recurso em sala de aula.

Não sei vocês, mas quando preciso falar de Islã sempre é muito difícil. Primeiro que vivemos em uma cultura em que a generalização é sempre presente e difundida. Se a mídia fala que os muçulmanos são terroristas, a verdade que habita em meus alunos é: Muçulmano é terrorista e pronto! Isso na cabeça deles resume o que eles precisam saber sobre esta outra religião e se sentem satisfeitos com isso. Sempre existe uma resistência preconceituosa quando eu começo a introduzir este assunto. De uma certa forma vivemos num mundo ocidental que nem faz questão de entender esta religião que hoje é a segunda maior do mundo, para nós basta a generalização.

Mas... sou professora e generalização não é uma prática de deve existir entre os professores: vamos atrás de materiais, procuramos contextualizar e desmistificar estes conceitos pré existentes em nossos alunos. Aí que Kamala é um recurso perfeito para isso: ela é muçulmana e super-heroína!
Vamos lá:

Eu tenho a revista encadernada "Questões Mil" e segundo minhas pesquisas ela está atualmente em promoção: você vai desembolsar entre 18 a 27 reais caso queira adquirir .



Eu levei para a sala e mostrei aos alunos minha revista, o efeito de mostrar a a eles é sempre positivo... graças ao sucesso dos heróis da Marvel no cinema, eles já se identificam muito com os heróis apesar do pouco contato com as Histórias em Quadrinhos em si, as HQ's são um máximo para eles, por mais que não leiam. Pergunto a eles se já viram algo sobre a Miss Marvel... a resposta normalmente é que nunca ouviram falar, mas que acharam legal e querem ver: Digo a eles que ela é uma adolescente que ganhou super poderes e que ela é diferente de todos os outros heróis. Ela é muçulmana... E assim posso dizer ao meus alunos que nem todo muçulmano é terrorista e mostro para eles várias partes que Kamala mostra sua fé.

Funcionou? Sim, coloquei em slides alguns trechos que mostra ela na mesquita para ilustrar e deixei os alunos folharem por algumas aulas a revista, pois eles necessitam deste contato.

A ideia aqui é apresentar ela como heroína primeiro e aguçar a curiosidade dos alunos, depois introduzir a religiosidade da personagem e a ousadia de sua criadora.., inclusive debater sobre o anti-islamismo que existe nos Estados Unidos e no mundo ocidental... Seja criativo!

Outra dica: existe um episódio em uma série chamada BONES (está disponível na Netflix) em que tem um discurso muito bonito para ser passado em sala de aula sobre um muçulmano sobre o 11 de setembro: não foi sua religião que matou aquela gente e sim o ódio.
O nome do episódio é Um Patriota no Purgatório (08x06) vale a pena passar para os alunos e iniciar uma discussão sobre o assunto

E funciona... usar Kamala Khan em sala de aula, dê uma chance para esta heroína quebrar preconceitos e paradigmas, eles vão gostar muito!

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017

Arquivo extra: Quando uma ideia brilhante pode ser tornar um problema - o caso X-Men

Neste arquivo extra eu irei usar para expressar minhas opiniões sobre os quadrinhos... eu pretendo fazer isso quando estiver afim de criticar coisas que eu gosto, porque eu acho que é bem importante ter suas impressões sobre suas literaturas e seus gostos. Hoje eu deixo aqui um texto sobre X-Men (que por sinal já está na minha lista de como falar dele em história) Espero que gostem!

Devo lembrar a vocês que este é um texto opinativo... Então, não apedrejem esta pobre moça fã do x-men.

X-Men foi meu primeiro contato com os quadrinhos mais adultos, meu pai gostava muito e meus tios tinham um monte de edições no porão da casa da minha vó (e também do homem-aranha, mas eu nunca gostei muito e tenho minhas razões para não gostar). Claro que lia pela aventura e os poderes sensacionais que estes heróis: tinham e amar minha primeira heroína, não gostar tanto de outras, criar um modelo para me espelhar. Como criança nunca pensamos nas mensagens que os quadrinhos realmente querem trazer, mas com o passar do tempo tomamos consciência e descobrir que há muito mais do que imaginamos, e devo dizer que comecei a gostar cada vez mais.
X-men representa as minorias: negros, mulheres, homossexuais, minorias étnicas pelo mundo a fora. Vem com a onda de lutas que as minorias se engajam nos anos de sua vinculação. Os x-men representam a luta para se adaptar a um sistema branco, sexista e preconceituoso. Tem personagens que inclui todos os estereótipos e a premissa envolve uma explicação totalmente aceita pelo público alvo do momento, a mais cientifica possível: a darwinista. As pessoas são excluídas por serem mais evoluídas e manifestarem poderes que pessoas “normais” não podem ter. A genética possibilita os poderes, não é algo que escolheram e a perseguição é uma reação ao diferente, e a verdade é que não reagimos bem... isso nos ameaça e ameaças tem que ser combatidas.

Para mim e para muitos outros, Charles Xavier, ou professor X é o Martim Luther King dos mutantes: seus discursos inflamados são seu recurso contra a opressão, procura mostrar que mesmo diferentes os mutantes devem ser tratados como iguais pelos humanos. Mas mesmo assim prepara seus alunos para o combate caso ele seja necessário. Procura uma reconciliação entre os diferentes, sua causa e seus discursos são mais marcantes que seus poderes ou sua personalidade meio babaca (por mais que você ame Xavier admita que ele é meio babaca sim, igual ao senhor King). Já Magneto representa Malcolm X líder da mão negra, movimento mais radical de libertação dos negros. Magneto não luta pelo entendimento da diferença, ele quer que ela não exista: não quer como Xavier esconder que tem poderes, e sim submeter os inferiores aos mutantes. Violento e determinado a usar suas forças contra a humanidade conquistar o lugar que acredita ser dos mutantes por direito (um idealismo que não iria de forma alguma com o sistema de opressão, apenas criaria um novo, sendo magneto o novo líder dos mutantes – pelo menos é o que posso interpretar sobre esta questão, já que não se concretizou). O antagonismo de ideias é uma das coisas que mais me chama atenção e já gerou diversos arcos interessantes, às vezes lutam juntos esquecendo as diferenças, às vezes lutam entre si. Um dos fenômenos mais interessantes na minha opinião é a amizade entre os dois líderes: magneto e Xavier são amigos com ideais diferentes, lutam entre si, porém se respeitam. Isso deveria acontecer na vida, não é mesmo?

Uma introdução longa para dizer: ideia incrível e brilhante, uma defesa inteligente e bem escrita, mas que não conversa com o resto do universo que a Marvel criou. Não tinha pensado nisso até recentemente, pois sempre vi os x-men de uma forma separada. Pensei nisso quando interrogada do porquê gosto do Capitão América (uma aquisição recente aos meus gostos que ainda em desenvolvimento, por assim dizer) respondi que gosto dos ideais do Capitão do Steve Rogers: o sentinela da liberdade. Sou uma pessoa que defende a liberdade e passei a me identificar muito com o personagem. Inevitavelmente iria me deparar com ele e me interessar em ler sobre ele. Quando se trata dos meus gostos me torno uma implacável defensora deles e quando disseram que ele era contraditório pois defende a liberdade, mas não levantou um dedo ao massacre dos x-men? 

Rapidamente meu cérebro começou a processar a informação e pensar em milhares de formas para defender ambos os meus amados heróis. Basicamente tenho uma nova teoria: x-men não funciona dentro do universo regular da Marvel, deve ficar fora dele, é um caso à parte.
Num mundo os vingadores salvam o dia e conquistam muitos admiradores e que só incomoda o governo (e às vezes ainda) é meio estranho que um grupo tão poderoso quando os X-Men seja exterminado por sentinelas e causem pavor. Num mundo em que se aceita um gigante verde (ou cinza – sim, estou falando do Hulk) com uma raia de descontrolada que “esmaga” tudo o que encontra pela frente se transforme em bonecos para crianças e seja amado é meio incompreensivo não aceitar o pacifico e azul Fera, que diferente do verdão é um cara grande, e controlado e totalmente racional. Ou que aceitamos e confiamos um megalomaníaco excêntrico de armadura voando pelos céus e não aceitamos um telepata centrado de cadeira de rodas que usa seus poderes só quando necessário, ou seja, quase nunca e queremos matar o senhor, pois tem um superpoder que não conhecemos a amplitude.  É difícil pensar nestas coisas sem ter um boom mental, será possível que Steve Rogers e os outros vingadores não se compadeçam pela causa dos jovens mutantes? Que consintam com a genocídio que várias crianças só porque elas têm poderes naturais já que são geneticamente superiores?   Não faz sentido, não é mesmo?

Pois é, não faz mesmo. Os X-Men funcionam muito bem se colocados à parte do mundo heroico da Marvel, sua premissa é fortemente ligada a segregação e não é funcional se colocada lado a lado em um mundo que tolera ou idolatra superpoderes em humanos que dos adquirem depois de nascidos. Que diferença faz nascer com poderes ou adquiri-los mais tarde? Eu confiaria bem mais em alguém que sabe lidar com seus poderes desde cedo do que em alguém que acaba de adquiri-los e que os testá-los por aí sem supervisão, nos x-men todos são treinados em ambientes seguros longe do contado com pessoas que possam se machucar, no caso o instituto Xavier? Nós entenderíamos se estivessem separados, funcionaria em nossa cabeça pensar independentemente. Mas a Marvel não fez isso... não ela decidiu unir e criar um só universo: x-men, vingadores, inumanos e heróis menores como Punhos de Ferro, Demolidor, Luke Cage e o Justiceiro todos juntos. Não é orgânico misturá-los, parece que não se encaixa, deixa pontas soltas, especialmente no envolvimento dos x-men. Não sei vocês, mas para mim parece que é forçar muito a barra querer mantê-los juntos, principalmente sem uma solução criativa para problemas que a mistura acaba gerando, tal como minha amiga acabou levantando quando me questionou.

Gosto muito das soluções criativas da DC (e aqui eu deixo minha opinião que pode estar equivocada para alguns): algo não parece fazer sentido nas narrativas, ou podem contradizer algum conceito pré-estabelecido anteriormente? Basta dizer que se passa em outra terra – os multiversos da DC. Se pode ser censurada, ou a premissa é bem mais adulta e não conversa diretamente com a base que estabeleceu a DC e possa criar um estranhamento no público alvo: criaram paralelamente a Vertigo para abranger estas histórias.

Mas e o Universo Ultimate? Bom, a casa das ideias poderia criar uma solução para o problema, já que o Ultimate modifica e trabalha com menos realismo que o Universo regular (616), mas as únicas mudanças: as mutações são sintéticas e a perseguição continuam tão intensas quanto anteriormente.
Não sei vocês, mas gosto de poder ver filmes da Marvel e X-men no mesmo ano... apesar de X-men ser uma bagunça cronológica, mas eu não me importo com isso: Brian Singer realizou meus sonhos em ver meus heróis no cinema e não tem como odiar! Só esperava ver mais da KItty, mas ainda estou no aguardo por uma ótima representação dela. Não me incomoda não estar na mão da Marvel (apesar da vergonha O Confronto final e os fracos wolverines), pois eles nos poderiam lembrar dos problemas.

Infelizmente para os Homo Superior a vida não tem sido muito fácil na Marvel, a perseguição nunca vai terminar. Que continuem brilhantes e incrível lutando pelas minorias raciais e sociais, que representem e defendam os excluídos e não se preocupem com as incoerências da casa das ideias. Nós te amamos assim deste jeitinho: com os problemas todos... Lutem com bravura que nós torcemos por vocês, eu pelo menos sempre.

Querem deixar sua opinião? Claro que podem! Comentem aí... Até breve com um texto do Arquivo Extra!



  

Superman: o Herói pós crise 1929

ESTE É O SUPERMAN...

Um dos primeiros quadrinhos escritos pela DC Comics, Superman surgiu para nossa alegria em 1938. Carregando consigo o seu S, o homem de aço passou a defender o mundo com seu uniforme azul, sua cueca em cima das calças e sua capa vermelha sempre acompanhado da melhor frase de todas: “é um pássaro, um avião? Não, é o superman”. Vindo de um planeta distante e extinto, enviado por seus pais ainda bebê para nosso planeta, o alienígena preferido por todos (ou quase) foi criado no interior com os amorosos Jonathan e Martha Kent que lhe ensinaram como sobreviver e lidar com seus poderes. O caipirão alienígena Clark Kent/Kal El se muda para uma cidade maior: Metrópolis, se envolve com o canal de notícia local o jornal Daily Planet. Um símbolo de esperança para a humanidade, um salvador. Um resumo breve é necessário para as ideias que cozinham me minha mente, acompanhe comigo:

- o ano de lançamento: 1938 é a saída da Grande Depressão americana. Vamos recordar? Para quem não lembra o ano de 1929 os EUA viu a coisa mais assustadora que poderia acontecer: um país com regime liberal viu a Bolsa de Valores zerar e as pessoas chegarem tarde demais na hora de resgatar seus títulos e consequentemente abrirem completa e total falência, graças a uma falta de visão de mercado. Para quem não sabe ou dormiu na aula de economia (acontece!!!) No regime liberal a economia se auto- regula (cria suas próprias leis que basicamente se resumem a oferta e demanda), sem interferência do Estado (governo). As empresas controlam seus destinos, podem investir em mercados, se arriscar e vender parcelas de suas empresas para investidores que esperam que estes investimentos se multipliquem com os lucros da empresa. Lá (nos EUA) as pessoas fazem suas próprias aposentadorias: elas investem seu dinheiro em empresas e recebem títulos que permitem ter acesso aos lucros proporcionais aos seus investimentos, o governo não tem nada com os planos de aposentadoria, cada pessoa faz o seu. Basicamente a Crush da Bolsa (outro termo para A Crise de 29) afetou todas as camadas da sociedade americana, desde os ricos até os trabalhadores. Existiam estoques e mais estoques de produtos parados por falta de demanda (os EUA produzia em ritmo acelerado desde o fim da segunda guerra) enquanto a Europa já restabelecida criava uma oferta para si mesma. Concorrência e super produção foram os erros que custaram caro aos EUA. As ações das empresas começaram a despencar desenfreadamente e quem chegou primeiro conseguiu resgatou seus títulos e saíram menos prejudicados. Quem chegou depois, bom... o papel tinha mais valor que os seus títulos. E assim começa a Grande Depressão americana: pessoas das mais variadas classes disputavam lugar na fila de sopa que antes eram destinada a pessoas desabrigadas e as filas? Elas dobravam quarteirões. Desemprego por toda parte!
Se em 1938 a economia estava se recuperando novamente, o clima que envolvia os Estados Unidos da América era a Esperança, a única coisa que os americanos poderiam se agarrar. A mensagem estava em todo lugar e não seria diferente para os quadrinhos: Superman foi criado para ser o detentor da esperança, ele luta bravamente pela população, um herói do povo para o povo. E olha só: quais são as cores que estão presentes em seu uniforme? Não repararam que são as cores da bandeira americana com o amarelo significando que alcançarão seu lugar como a nação de ouro? Pois é, Superman simboliza a nação americana que luta e vence, que não perde a esperança. É o herói que retrata a nação, por isso o símbolo de esperança é o que ressalta em seus anos e anos de carreira nos quadrinhos.

- Passados alguns anos da Grande Depressão, Superman não seria só o detentor da esperança como se tornou o salvador do mundo. A imagem de bom moço se ressalta, sua integridade e a personificação do caráter de um bom cidadão americano, quase um Jesus americano era a face que assumiu especialmente no pós segunda guerra. Para quem não conhece os ideais americanos: os responsáveis pelo progresso, os organizadores da conferência pan-americana da “América para os americanos”, os representantes do capitalismo contemporâneo, os cidadãos ideais do mundo, os donos do capitalismo de ouro, os redentores da humanidade... é o que é o Superman se não isso? Salvando não só Metropólis mais o mundo das forças que os ameaçam? Poderia falar aqui sobre seus vilões, mas vou tirar um tempo para falar com mais propriedade em uma outra oportunidade. A Transformação de SUPERMAN vem com um longo período chamado Guerra Fria e os quadrinhos eram um instrumento/canal de influência americana (parabéns EUA, vocês me ganharam ai) e o simpático, carismático e amigo de todos Superman – o ideal americano em sua essência. - entra na jogada como ótima propaganda e sendo consumido pelo mundo.


ÊXODO RURAL:

sim meus amigos, o Clark Kent cresceu em uma fazenda e além de enfrentar os problemas de ser um alienígena ele tem outro obstáculo: ele é um caipira inocente.

A EDUCAÇÃO TRADICIONAL

Sua nave não caiu em uma grande cidade, mas nos arredores de Smallville/Pequenópolis próximo a fazenda da família Kent, uma família tradicional e sem filhos. Pensem neste clima: um alienígena órfão, um casal que quer muitos filhos – é a mistura perfeita para fazer com que SUPERMAN seja quem é. A dificuldade é superada pelo amor que o casal desenvolveu pelo filho adotado e devolvido em forma de um filho amoroso e tradicionalmente correto, no mais cristão da palavra. É fato confirmado que as comunidades de interior tendem a ser mais apego religioso e moral. Clark Kent faz de tudo para honrar os pais e o bom nome que recebeu deles. A moralidade é algo muito evidente na figura do SUPERMAN e vem exatamente pela sua criaçã tradicional e rural que não se corrompe quando ele vira jornalista e trabalha na grande cidade de Metrópolis.
Sua criação foi o fio condutor para os ideias que carrega no símbolo que se tornou o SUPERMAN e que fica mais evidente ao comparar a outros heróis do mesmo porte da DC, como por exemplo o BATMAN: Bruce não teve as figuras paternas ao seu lado e foi criado em uma cidade aonde teve contato direto com a violência de Gotham e isso fez dele um herói amargo, por vezes violento (vide cavaleiro das trevas, por exemplo) e com condutas de moral contestável. Já SUPERMAN poucas vezes perdeu seu temperamento para ficar violento e (como foi a crítica de muitos ao homem de aço,) ele não mata ninguém. Mesmo podendo ser um deus na terra graças a seus poderes SUPERMAN continua vivendo de forma trabalhadora e honesta, é humilde da parte dele isso. Vive para seu trabalho e para salvar os outros. Nunca revelou seu segredo para muita gente, sempre se manteve integro.

A CIDADE DE METRÓPOLIS

A DC nem faz questão de esconder que Clark saiu da pequena cidade para a grande Metrópole e que a vida em Metrópolis era intensa e representada, em grande parte, pela pressa e correria no Daily Planet/ Planeta Diário aonde ironicamente tem em seu quadro de funcionários o SUPERMAN, mas sua presença passa batida porque a pressa é tamanha que nenhum de seus colegas param para reparar em sua real fisionomia e ele se transforma “ no cara de óculos atrapalhado da empresa”. (vai dizer que nunca te incomodou isso na história dele). Na cidade falta tempo para parar e olhar, tudo acontece depressa demais SUPERMAN não precisa se esconder do grande público, só precisou achar para si características que apagassem sua presença e tornassem seu rosto como de um ilustre desconhecido; afinal todo mundo sabe quem é Clark Kent, mas ninguém sabe sua ligação com o SUPERMAN. Os óculos fazem sua fisionomia ser associado a ele, especialmente porque suas armações são grossas e escuras – logo ele é o cara de óculos. Mas ainda se isso não fosse suficiente, ele achou para si mesmo uma característica que apagasse qualquer traço que chamasse atenção a seu físico: ser atrapalhado. Creia-me pessoas atrapalhadas ficam conhecidas por serem atrapalhadas e ninguém repara de verdade em você. Eles vão te evitar ao máximo... Clark Kent é o nerdão atrapalhado que trabalha com parceiro da ilustre Lois Lane, a mulher que chegou ao topo da carreira e isso ofusca ainda mais a imagem dele. Ele é super competente, mas divide as manchetes com Lois e o rosto dela aparece e não o seu – para ele uma vantagem muito grande.

DUALIDADE COM LEX LUTHOR

Sim, os heróis da DC na sua maioria têm uma dualidade evidente com seus vilões. SUPERMAN tem o seu pária oposto na figura de um magnata chamado Lex Luthor, como todo mundo sabe. Tudo nele é uma oposição a Clark Kent. Sua criação em uma família extremamente rica e coorporativa internacional, sua educação em internatos para socialites, sua visão empreendedora, a necessidade de aparecer (a ponto de se candidatar à presidência)
Em todos os aspectos Lex é um filho da cidade grande: a necessidade da fama a todo custo, o medo de ser mais um na multidão, empresário inescrupuloso, o defensor do anarco-capitalismo (capitalismo selvagem), o megalomaníaco excêntrico, o obcecado pela própria imagem. A imagem de Lex é a distorção do que o excesso de poder pode fazer a uma pessoa, os males inevitáveis de ser criado em uma cidade grande e de ter todas as oportunidades infinitas... A crítica maior é a Ambição, tinha de tudo menos o controle sobre um certo Superman. O interessante é ver que Clark conquista as coisas sem ambições apesar de ter o poder para poder fazê-lo, mas não o faz; A visão de Lex é de uma moral contestável já que leva apenas em consideração os próprios interesses o posto do Superman que tem é moralmente correto. Lex é o filho da cidade liberal que se corrompe, Clark é o filho do campo conservador que se mantem. (vou encerrar por aqui, mas a discussão poderia ser muito maior – talvez em uma nova oportunidade 😉 )

Claro que poderíamos discutir muito mais sobre o Superman... Deixe seu comentário sobre novos assuntos que envolva o Homem dde aço! 

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2017

História em quadrinhos: História matéria combina com diversão?

Oi tudo bem? Meu nome é Tamiris e estou aqui com uma proposta diferente. Sou uma amante de quadrinhos e uma apaixonada por história e sempre pensei “Por que não juntar os dois?” e olha eu aqui. Vim dar dicas do que se ler e como se enxergar quadrinhos de uma forma mais histórica. Você deve estar se perguntando: E como pode falar com propriedade disso? (vozinha irritante de quem está sendo chato) Bom, sou oficialmente sou historiadora formada desde 2011 (apesar de ter colado grau em 2013 – para que a pressa, né? Eu queria me formar com os legais da minha turma, então ...) minha área de estudos foi política na iniciação cientifica, cultura, modernidade, psicologia, literatura e guerra (trabalhei com trauma na guerra em romances) na Monografia e atualmente estou fazendo pós graduação em literatura brasileira (usando os estudos de política e cultura que já havia trabalhado anteriormente). Ufa, acho que isso é tudo, pelo menos por enquanto... a gente nunca para de estudar, especialmente quando nos tornamos professores. Uma das coisas que mais estudo atualmente é Guerra Fria, porque sim... eu acho legal.
Dada as minhas credenciais, ou como eu chamo: COMO TORNAR O HOBBY EM TRABALHO PARTE 1, vamos para a parte 2 da bagaça: COMO TORNAR MEU HOBBY EM TRABALHO PARTE 2 – MODO HARD. Eu gosto de quadrinhos e quero que todos gostem também. A parte legal de ser professora é que você está em contato com potenciais consumidores do meus produto que você consome: os adolescentes. Basicamente você tem o poder de trazer os quadrinhos para dentro da sala de aula, MAS você precisa estudar primeiro... tipo, meio que muito bem, porque ali estão todos os potenciais haters também. Os danadinhos querem pegar você no pulo falando besteira! Eu sei, já passei por este julgamento. Bem- vindo ao desafio da vida! Eles não tem nada o que fazer o dia todo e você? Bom, você espera aquela horinha do almoço e coloca a leitura em dia. É a vida, não é mesmo?
Deixando um pouco o desafio de lidar com um público difícil, quero que entendam que todo quadrinho é datado. Eu li uma vez um fã questionando a temporalidade do conteúdo e dizendo: “alguns quadrinhos são atemporais”. Bom, para a história isso é um grande erro: as ansiedades são datadas, o público é datado, as referências são datas, a roupa é datada... basicamente tudo é datado. Não é a toa que se fazem reboots das obras, e as origens são a parte nostálgica da coisa toda, ao se contar a mesma história de uma forma mais atualizada (percebam a palavra nostálgico – é uma referencia a um tempo passado). Então basicamente qualquer quadrinho pode ser fonte sobre um cotidiano, sobre ansiedades de uma geração, sobre vestimentas (aqui eu faço várias ressalvas aos uniformes femininos – pretendo escolher uma outra oportunidade para discutir isso). Eles são representações da época que foi escrita. Seria bacana pegar de cada década e falar sobre isso: talvez em uma outra ocasião.

Esclarecido isso, podemos pegar algumas sagas e estabelecê-las no tempo, ou o que eu acho mais legal: pegar a construção dos heróis e suas primeiras edições e ao localizá-los historicamente TA DÃM! Eles vão fazer todo o sentido do mundo, pelo menos para mim... Vamos ver se eu convenço Você. Vou usar alguns títulos de preferencias minhas, sem me preocupar se é DC ou Marvel – eu leio os dois.

Vou me propor a escrever sobre algumas resenhas e algumas ideias de como trabalhar... Breve no Blog!