segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017

Arquivo extra: Quando uma ideia brilhante pode ser tornar um problema - o caso X-Men

Neste arquivo extra eu irei usar para expressar minhas opiniões sobre os quadrinhos... eu pretendo fazer isso quando estiver afim de criticar coisas que eu gosto, porque eu acho que é bem importante ter suas impressões sobre suas literaturas e seus gostos. Hoje eu deixo aqui um texto sobre X-Men (que por sinal já está na minha lista de como falar dele em história) Espero que gostem!

Devo lembrar a vocês que este é um texto opinativo... Então, não apedrejem esta pobre moça fã do x-men.

X-Men foi meu primeiro contato com os quadrinhos mais adultos, meu pai gostava muito e meus tios tinham um monte de edições no porão da casa da minha vó (e também do homem-aranha, mas eu nunca gostei muito e tenho minhas razões para não gostar). Claro que lia pela aventura e os poderes sensacionais que estes heróis: tinham e amar minha primeira heroína, não gostar tanto de outras, criar um modelo para me espelhar. Como criança nunca pensamos nas mensagens que os quadrinhos realmente querem trazer, mas com o passar do tempo tomamos consciência e descobrir que há muito mais do que imaginamos, e devo dizer que comecei a gostar cada vez mais.
X-men representa as minorias: negros, mulheres, homossexuais, minorias étnicas pelo mundo a fora. Vem com a onda de lutas que as minorias se engajam nos anos de sua vinculação. Os x-men representam a luta para se adaptar a um sistema branco, sexista e preconceituoso. Tem personagens que inclui todos os estereótipos e a premissa envolve uma explicação totalmente aceita pelo público alvo do momento, a mais cientifica possível: a darwinista. As pessoas são excluídas por serem mais evoluídas e manifestarem poderes que pessoas “normais” não podem ter. A genética possibilita os poderes, não é algo que escolheram e a perseguição é uma reação ao diferente, e a verdade é que não reagimos bem... isso nos ameaça e ameaças tem que ser combatidas.

Para mim e para muitos outros, Charles Xavier, ou professor X é o Martim Luther King dos mutantes: seus discursos inflamados são seu recurso contra a opressão, procura mostrar que mesmo diferentes os mutantes devem ser tratados como iguais pelos humanos. Mas mesmo assim prepara seus alunos para o combate caso ele seja necessário. Procura uma reconciliação entre os diferentes, sua causa e seus discursos são mais marcantes que seus poderes ou sua personalidade meio babaca (por mais que você ame Xavier admita que ele é meio babaca sim, igual ao senhor King). Já Magneto representa Malcolm X líder da mão negra, movimento mais radical de libertação dos negros. Magneto não luta pelo entendimento da diferença, ele quer que ela não exista: não quer como Xavier esconder que tem poderes, e sim submeter os inferiores aos mutantes. Violento e determinado a usar suas forças contra a humanidade conquistar o lugar que acredita ser dos mutantes por direito (um idealismo que não iria de forma alguma com o sistema de opressão, apenas criaria um novo, sendo magneto o novo líder dos mutantes – pelo menos é o que posso interpretar sobre esta questão, já que não se concretizou). O antagonismo de ideias é uma das coisas que mais me chama atenção e já gerou diversos arcos interessantes, às vezes lutam juntos esquecendo as diferenças, às vezes lutam entre si. Um dos fenômenos mais interessantes na minha opinião é a amizade entre os dois líderes: magneto e Xavier são amigos com ideais diferentes, lutam entre si, porém se respeitam. Isso deveria acontecer na vida, não é mesmo?

Uma introdução longa para dizer: ideia incrível e brilhante, uma defesa inteligente e bem escrita, mas que não conversa com o resto do universo que a Marvel criou. Não tinha pensado nisso até recentemente, pois sempre vi os x-men de uma forma separada. Pensei nisso quando interrogada do porquê gosto do Capitão América (uma aquisição recente aos meus gostos que ainda em desenvolvimento, por assim dizer) respondi que gosto dos ideais do Capitão do Steve Rogers: o sentinela da liberdade. Sou uma pessoa que defende a liberdade e passei a me identificar muito com o personagem. Inevitavelmente iria me deparar com ele e me interessar em ler sobre ele. Quando se trata dos meus gostos me torno uma implacável defensora deles e quando disseram que ele era contraditório pois defende a liberdade, mas não levantou um dedo ao massacre dos x-men? 

Rapidamente meu cérebro começou a processar a informação e pensar em milhares de formas para defender ambos os meus amados heróis. Basicamente tenho uma nova teoria: x-men não funciona dentro do universo regular da Marvel, deve ficar fora dele, é um caso à parte.
Num mundo os vingadores salvam o dia e conquistam muitos admiradores e que só incomoda o governo (e às vezes ainda) é meio estranho que um grupo tão poderoso quando os X-Men seja exterminado por sentinelas e causem pavor. Num mundo em que se aceita um gigante verde (ou cinza – sim, estou falando do Hulk) com uma raia de descontrolada que “esmaga” tudo o que encontra pela frente se transforme em bonecos para crianças e seja amado é meio incompreensivo não aceitar o pacifico e azul Fera, que diferente do verdão é um cara grande, e controlado e totalmente racional. Ou que aceitamos e confiamos um megalomaníaco excêntrico de armadura voando pelos céus e não aceitamos um telepata centrado de cadeira de rodas que usa seus poderes só quando necessário, ou seja, quase nunca e queremos matar o senhor, pois tem um superpoder que não conhecemos a amplitude.  É difícil pensar nestas coisas sem ter um boom mental, será possível que Steve Rogers e os outros vingadores não se compadeçam pela causa dos jovens mutantes? Que consintam com a genocídio que várias crianças só porque elas têm poderes naturais já que são geneticamente superiores?   Não faz sentido, não é mesmo?

Pois é, não faz mesmo. Os X-Men funcionam muito bem se colocados à parte do mundo heroico da Marvel, sua premissa é fortemente ligada a segregação e não é funcional se colocada lado a lado em um mundo que tolera ou idolatra superpoderes em humanos que dos adquirem depois de nascidos. Que diferença faz nascer com poderes ou adquiri-los mais tarde? Eu confiaria bem mais em alguém que sabe lidar com seus poderes desde cedo do que em alguém que acaba de adquiri-los e que os testá-los por aí sem supervisão, nos x-men todos são treinados em ambientes seguros longe do contado com pessoas que possam se machucar, no caso o instituto Xavier? Nós entenderíamos se estivessem separados, funcionaria em nossa cabeça pensar independentemente. Mas a Marvel não fez isso... não ela decidiu unir e criar um só universo: x-men, vingadores, inumanos e heróis menores como Punhos de Ferro, Demolidor, Luke Cage e o Justiceiro todos juntos. Não é orgânico misturá-los, parece que não se encaixa, deixa pontas soltas, especialmente no envolvimento dos x-men. Não sei vocês, mas para mim parece que é forçar muito a barra querer mantê-los juntos, principalmente sem uma solução criativa para problemas que a mistura acaba gerando, tal como minha amiga acabou levantando quando me questionou.

Gosto muito das soluções criativas da DC (e aqui eu deixo minha opinião que pode estar equivocada para alguns): algo não parece fazer sentido nas narrativas, ou podem contradizer algum conceito pré-estabelecido anteriormente? Basta dizer que se passa em outra terra – os multiversos da DC. Se pode ser censurada, ou a premissa é bem mais adulta e não conversa diretamente com a base que estabeleceu a DC e possa criar um estranhamento no público alvo: criaram paralelamente a Vertigo para abranger estas histórias.

Mas e o Universo Ultimate? Bom, a casa das ideias poderia criar uma solução para o problema, já que o Ultimate modifica e trabalha com menos realismo que o Universo regular (616), mas as únicas mudanças: as mutações são sintéticas e a perseguição continuam tão intensas quanto anteriormente.
Não sei vocês, mas gosto de poder ver filmes da Marvel e X-men no mesmo ano... apesar de X-men ser uma bagunça cronológica, mas eu não me importo com isso: Brian Singer realizou meus sonhos em ver meus heróis no cinema e não tem como odiar! Só esperava ver mais da KItty, mas ainda estou no aguardo por uma ótima representação dela. Não me incomoda não estar na mão da Marvel (apesar da vergonha O Confronto final e os fracos wolverines), pois eles nos poderiam lembrar dos problemas.

Infelizmente para os Homo Superior a vida não tem sido muito fácil na Marvel, a perseguição nunca vai terminar. Que continuem brilhantes e incrível lutando pelas minorias raciais e sociais, que representem e defendam os excluídos e não se preocupem com as incoerências da casa das ideias. Nós te amamos assim deste jeitinho: com os problemas todos... Lutem com bravura que nós torcemos por vocês, eu pelo menos sempre.

Querem deixar sua opinião? Claro que podem! Comentem aí... Até breve com um texto do Arquivo Extra!



  

Nenhum comentário:

Postar um comentário