Neste arquivo extra eu irei usar para expressar minhas opiniões sobre os quadrinhos... eu pretendo fazer isso quando estiver afim de criticar coisas que eu gosto, porque eu acho que é bem importante ter suas impressões sobre suas literaturas e seus gostos. Hoje eu deixo aqui um texto sobre X-Men (que por sinal já está na minha lista de como falar dele em história) Espero que gostem!
Devo lembrar a vocês que este é
um texto opinativo... Então, não apedrejem esta pobre moça fã do x-men.
X-Men foi meu primeiro contato
com os quadrinhos mais adultos, meu pai gostava muito e meus tios tinham um
monte de edições no porão da casa da minha vó (e também do homem-aranha, mas eu
nunca gostei muito e tenho minhas razões para não gostar). Claro que lia pela
aventura e os poderes sensacionais que estes heróis: tinham e amar minha
primeira heroína, não gostar tanto de outras, criar um modelo para me espelhar.
Como criança nunca pensamos nas mensagens que os quadrinhos realmente querem
trazer, mas com o passar do tempo tomamos consciência e descobrir que há muito
mais do que imaginamos, e devo dizer que comecei a gostar cada vez mais.
X-men representa as minorias:
negros, mulheres, homossexuais, minorias étnicas pelo mundo a fora. Vem com a
onda de lutas que as minorias se engajam nos anos de sua vinculação. Os x-men
representam a luta para se adaptar a um sistema branco, sexista e
preconceituoso. Tem personagens que inclui todos os estereótipos e a premissa
envolve uma explicação totalmente aceita pelo público alvo do momento, a mais
cientifica possível: a darwinista. As pessoas são excluídas por serem mais
evoluídas e manifestarem poderes que pessoas “normais” não podem ter. A
genética possibilita os poderes, não é algo que escolheram e a perseguição é uma
reação ao diferente, e a verdade é que não reagimos bem... isso nos ameaça e
ameaças tem que ser combatidas.
Para mim e para muitos outros, Charles
Xavier, ou professor X é o Martim Luther King dos mutantes: seus discursos
inflamados são seu recurso contra a opressão, procura mostrar que mesmo
diferentes os mutantes devem ser tratados como iguais pelos humanos. Mas mesmo
assim prepara seus alunos para o combate caso ele seja necessário. Procura uma
reconciliação entre os diferentes, sua causa e seus discursos são mais
marcantes que seus poderes ou sua personalidade meio babaca (por mais que você
ame Xavier admita que ele é meio babaca sim, igual ao senhor King). Já Magneto
representa Malcolm X líder da mão negra, movimento mais radical de libertação
dos negros. Magneto não luta pelo entendimento da diferença, ele quer que ela
não exista: não quer como Xavier esconder que tem poderes, e sim submeter os
inferiores aos mutantes. Violento e determinado a usar suas forças contra a
humanidade conquistar o lugar que acredita ser dos mutantes por direito (um
idealismo que não iria de forma alguma com o sistema de opressão, apenas
criaria um novo, sendo magneto o novo líder dos mutantes – pelo menos é o que
posso interpretar sobre esta questão, já que não se concretizou). O antagonismo
de ideias é uma das coisas que mais me chama atenção e já gerou diversos arcos
interessantes, às vezes lutam juntos esquecendo as diferenças, às vezes lutam
entre si. Um dos fenômenos mais interessantes na minha opinião é a amizade entre
os dois líderes: magneto e Xavier são amigos com ideais diferentes, lutam entre
si, porém se respeitam. Isso deveria acontecer na vida, não é mesmo?
Uma introdução longa para dizer:
ideia incrível e brilhante, uma defesa inteligente e bem escrita, mas que não
conversa com o resto do universo que a Marvel criou. Não tinha pensado nisso
até recentemente, pois sempre vi os x-men de uma forma separada. Pensei nisso
quando interrogada do porquê gosto do Capitão América (uma aquisição recente
aos meus gostos que ainda em desenvolvimento, por assim dizer) respondi que
gosto dos ideais do Capitão do Steve Rogers: o sentinela da liberdade. Sou uma
pessoa que defende a liberdade e passei a me identificar muito com o
personagem. Inevitavelmente iria me deparar com ele e me interessar em ler
sobre ele. Quando se trata dos meus gostos me torno uma implacável defensora
deles e quando disseram que ele era contraditório pois defende a liberdade, mas
não levantou um dedo ao massacre dos x-men?
Rapidamente meu cérebro começou a
processar a informação e pensar em milhares de formas para defender ambos os
meus amados heróis. Basicamente tenho uma nova teoria: x-men não funciona
dentro do universo regular da Marvel, deve ficar fora dele, é um caso à parte.
Num mundo os vingadores salvam o
dia e conquistam muitos admiradores e que só incomoda o governo (e às vezes
ainda) é meio estranho que um grupo tão poderoso quando os X-Men seja
exterminado por sentinelas e causem pavor. Num mundo em que se aceita um
gigante verde (ou cinza – sim, estou falando do Hulk) com uma raia de
descontrolada que “esmaga” tudo o que encontra pela frente se transforme em
bonecos para crianças e seja amado é meio incompreensivo não aceitar o pacifico
e azul Fera, que diferente do verdão é um cara grande, e controlado e
totalmente racional. Ou que aceitamos e confiamos um megalomaníaco excêntrico
de armadura voando pelos céus e não aceitamos um telepata centrado de cadeira
de rodas que usa seus poderes só quando necessário, ou seja, quase nunca e
queremos matar o senhor, pois tem um superpoder que não conhecemos a amplitude. É difícil pensar nestas coisas sem ter um
boom mental, será possível que Steve Rogers e os outros vingadores não se
compadeçam pela causa dos jovens mutantes? Que consintam com a genocídio que
várias crianças só porque elas têm poderes naturais já que são geneticamente
superiores? Não faz sentido, não é mesmo?
Pois é, não faz mesmo. Os X-Men
funcionam muito bem se colocados à parte do mundo heroico da Marvel, sua
premissa é fortemente ligada a segregação e não é funcional se colocada lado a
lado em um mundo que tolera ou idolatra superpoderes em humanos que dos
adquirem depois de nascidos. Que diferença faz nascer com poderes ou
adquiri-los mais tarde? Eu confiaria bem mais em alguém que sabe lidar com seus
poderes desde cedo do que em alguém que acaba de adquiri-los e que os testá-los
por aí sem supervisão, nos x-men todos são treinados em ambientes seguros longe
do contado com pessoas que possam se machucar, no caso o instituto Xavier? Nós
entenderíamos se estivessem separados, funcionaria em nossa cabeça pensar
independentemente. Mas a Marvel não fez isso... não ela decidiu unir e criar um
só universo: x-men, vingadores, inumanos e heróis menores como Punhos de Ferro,
Demolidor, Luke Cage e o Justiceiro todos juntos. Não é orgânico misturá-los,
parece que não se encaixa, deixa pontas soltas, especialmente no envolvimento
dos x-men. Não sei vocês, mas para mim parece que é forçar muito a barra querer
mantê-los juntos, principalmente sem uma solução criativa para problemas que a
mistura acaba gerando, tal como minha amiga acabou levantando quando me
questionou.
Gosto muito das soluções
criativas da DC (e aqui eu deixo minha opinião que pode estar equivocada para
alguns): algo não parece fazer sentido nas narrativas, ou podem contradizer
algum conceito pré-estabelecido anteriormente? Basta dizer que se passa em
outra terra – os multiversos da DC. Se pode ser censurada, ou a premissa é bem
mais adulta e não conversa diretamente com a base que estabeleceu a DC e possa
criar um estranhamento no público alvo: criaram paralelamente a Vertigo para
abranger estas histórias.
Mas e o Universo Ultimate? Bom, a
casa das ideias poderia criar uma solução para o problema, já que o Ultimate
modifica e trabalha com menos realismo que o Universo regular (616), mas as únicas
mudanças: as mutações são sintéticas e a perseguição continuam tão intensas
quanto anteriormente.
Não sei vocês, mas gosto de poder
ver filmes da Marvel e X-men no mesmo ano... apesar de X-men ser uma bagunça
cronológica, mas eu não me importo com isso: Brian Singer realizou meus sonhos
em ver meus heróis no cinema e não tem como odiar! Só esperava ver mais da
KItty, mas ainda estou no aguardo por uma ótima representação dela. Não me
incomoda não estar na mão da Marvel (apesar da vergonha O Confronto final e os
fracos wolverines), pois eles nos poderiam lembrar dos problemas.
Infelizmente para os Homo
Superior a vida não tem sido muito fácil na Marvel, a perseguição nunca vai
terminar. Que continuem brilhantes e incrível lutando pelas minorias raciais e
sociais, que representem e defendam os excluídos e não se preocupem com as
incoerências da casa das ideias. Nós te amamos assim deste jeitinho: com os
problemas todos... Lutem com bravura que nós torcemos por vocês, eu pelo menos
sempre.
Querem deixar sua opinião? Claro que podem! Comentem aí... Até breve com um texto do Arquivo Extra!